domingo, 11 de dezembro de 2011

BOLÍVIA - por DELINE OLIVEIRA

FAFIMA
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE MACAÉ



BOLÍVIA









DELINE OLIVEIRA






2011
FAFIMA
FACULDADE DE FILOSOFIA, CIÊNCIAS E LETRAS DE MACAÉ
NOME: DELINE VIEIRA DO NASCIMENTO OLIVEIRA
CURSO: HISTÓRIA PERÍODO: 2°
DISCIPLINA: HISTÓRIA DA AMÉRICA NO CONTEXTO CAPITALISTA
PROFESSOR: VICTOR TEMPONE


TEMA: BOLÍVIA

BOLÍVIA: SUA ORIGEM, OS ANOS QUE SE SUCEDERAM A PARTIR DE 1950 ATÉ OS DIAS ATUAIS E A POLÍTICA DE EVO MORALES


1 - BOLÍVIA, UMA INTRODUÇÃO

Com a independência da região antes conhecida como Alto Peru, sendo este um Estado Plurinaconal conhecida como Bolívia e que está localizada no centro-oeste na América do Sul, o nome Bolívia foi dado à nova república em homenagem a Simón Bolívar, o Libertador. Posteriormente, foi modificada a proposta do deputado de Potosí, presbítero Manuel Martín Cruz, que argumentou com a seguinte frase: “Se de Rômulo, Roma; de Bolívar, Bolívia.” A nova república adotou oficialmente o nome de Bolívia em 3 de Outubro de 1825. A Assembléia Deliberante nomeou o libertador Bolívar como primeiro presidente da República, o qual a chamou de filha predileta.
O império Espanhol invadiu e conquistou essa região no século XVI. Durante a maior parte do período espanhol, este território era chamado de Alto Peru ou Charcas e encontrava-se sob a administração do Vice-Reino do Peru, que abrangia a maioria das colônias espanholas sul-americanas. Após declarar independência em 1809, dezesseis anos de guerras se seguiram antes do estabelecimento da república instituída por Simón Bolívar. Desde então, o país tem passado por períodos de instabilidade política, ditaduras e problemas econômicos.

1.1 - ARQUEOLOGIA E PRÉ-HISTÓRIA DA BOLÍVIA

Nas altas terras situadas ao sul do lago Titicaca, encontra-se uma das regiões arqueológicas mais ricas da Bolívia. O local mais famoso é Tiahunaco, berço de importante civilização que estendia a sua influência para além do território boliviano, entre 600 a.C. e 1200 de nossa era.

O sul do país era ocupado desde cerca de 6000 a. C., por caçadores a laço, que usavam um instrumento de pedra do tipo ayampitin. Mais tarde, ao redor de 500 a.C., agricultores-ceramistas aí se instalaram. Uma das culturas mais famosas dessa época é conhecida como “Los Túmulos,” representada principalmente por aldeias formadas por habitações e túmulos que, com diversos níveis de ocupação, podem atingir até 200m de diâmetro, e de 6 a 8m de altura. Neles podem ser encontrados diversos tipos de trabalho em barro e grandes urnas que serviam para sepultar adultos. Os trabalhos em recipientes finamente elaborados e esculturas, muitas vezes antropomorfas, cujo estilo lembra peças de Tiahuanaco. Ornamentos em cobre e ouro são igualmente associados a certas fases dessa cultura.
O Nordeste da Bolívia é uma região de terras baixas ligadas à área Amazônica. As principais buscas foram efetuadas nas zonas de Mojos onde existem locais com túmulos (datados de 500 a 1000 a.C.), que contêm cerâmicas com decoração pintada ou gravada. As urnas funerárias, numerosas, são às vezes trípodes.
O território boliviano é habitado há mais de 12.000 anos. No local foram formadas várias culturas: nos Andes, destaca-se principalmente, a cultura Tiwanaku e os reinos aymaras posteriores à expansão wari. Estes foram, por sua vez, anexados ao império Inca no século XIII.

1.2 - ESPAÇO GEOGRÁFICO DA BOLÍVIA

a)- Geologia e relevo

A região do Oriente, a norte e leste, que compreende a maior parte do território boliviano, é formada por baixas planícies aluviais e grandes pântanos. No extremo sul fica o Chaco boliviano, que é pantanoso durante a estação de chuvas e semidesértico nos meses restantes. A nordeste da bacia do lago Titicaca estão montanhas extremamente altas, algumas delas excedem 6.300m.
Na Bolívia, os Andes atingem sua maior largura e se dividem entre duas cadeias paralelas, a Oriental e a Ocidental. Sendo a cordilheira Oriental formada por maciços de argilitos, arenitos e quartzitos paleozóicos, sobrepostos a um núcleo granítico. A Ocidental consiste numa série de vulcões inativos ou extintos, e suas rochas compõem-se de vastas acumulações de lavas riolíticas, traquíticas e andesíticas. Possui aproximadamente 80 km de comprimento por 130 km de largura, numa altitude variável entre 3.600 e 3.800m.
b)- Clima

A Bolívia apresenta grande amplitude térmica, que varia do calor equatorial das planícies até o frio ártico das montanhas mais altas. Na zona climática de Yungas, a média térmica é de 25°C, e as precipitações que ocorrem durante todo o ano, são elevadas, de 750 a 1.250mm, no mínimo. Entre 2.000 e 2.850m, os vales apresentam clima quente semitropical, sem grandes variações térmicas, Daí até três mil metros de altitude, o clima é temperado, embora sujeito às geadas no inverno.
A zona climática do altiplano, a oeste da cordilheira Oriental, é sempre fresca. A temperatura média La Paz é de 10,2 C. A zona de Puna Brava eleva-se até o limite das neves (5.400m), cobrindo um território gélido e inóspito. Acima desse limite, o clima é ártico. No verão, temporais breves, mas violentos, açoitam por vezes o planalto setentrional e o lago Titicaca.

c)- Hidrografia

Os rios bolivianos pertencem a três sistemas distintos, o amazônico, o plantio e o do Titicaca. Algum lagos e lagoas, é grande como o Rogoaguado, estão localizados nas planícies pantanosas ao longo dos rios Beni e Mamoré e outros acompanham o rio Paraguai, como Bahia Negra, Cáceres, Mandioré, Gaiba e Uberaba, ao sul dos pântanos Zarayes, uma região sujeita a inundações durante o verão. O sistema do Titicaca compreende, além do grande lago, o rio Desaguadero e seu escoadouro, o pântano salgado de Coipasa. Penetram nesse sistema muitas correntes de pequeno curso, que descem das montanhas. Sem escoamento para o mar, as águas dessa extensa bacia são inteiramente absorvidas pelo solo seco, ou evaporam-se.

d)- Flora e fauna

A flora na Bolívia é extremamente variada desde a rala vegetação das cordilheiras até a luxuriante floresta tropical da bacia amazônica. O planalto é essencialmente uma área de pastagens, que se elevam até o limite das neves e existem duas espécies importantes da zona montanhosa são a quina e a coca.
A essa grande variedade de ambientes vegetais corresponde uma não menos ampla diversificada fauna, sendo que as mais notáveis são os vicunha e o Guanaco, nas montanhas habita também o condor. O Ihama é a besta de carga das áreas áridas do Altiplano, além de fornecer carne, lã e pele. A alpaca é criada para produzir lã.
e)- População

A população é composta por índios, mestiços e descendentes de espanhóis, embora os vários séculos de miscigenação tornem impossível determinar a proporção exata de cada componente. Os índios bolivianos atuais são descendentes de aimarás, que habitavam o altiplano, dos quíchuas, moradores dos vales, e de diversas tribos andinas e amazônicas. Em sua maioria são camponeses, mineiros e operários. Conservam suas próprias línguas, embora muitos deles falem também o espanhol, que é a língua oficial do país .

1.3 - ECONOMIA
A Bolívia é, há muito tempo, um dos países mais pobres e menos desenvolvidos da América Latina, tendo feito, no entanto, progressos consideráveis no sentido do desenvolvimento de uma economia de mercado. Durante a presidência de Sánchez de Lozada (1993-97), a Bolívia assinou um tratado de comércio livre com o México e procedeu à privatização da linha aérea estatal, da companhia de telefone, das ferrovias, da companhia elétrica e da companhia petrolífera .
O crescimento diminuiu em 1999, em parte devido a políticas orçamentais restritivas que limitaram os fundos necessários para programas de luta contra a pobreza, e às consequências da crise financeira asiática. No ano 2000, sérios distúrbios públicos em abril e entre setembro e outubro baixaram o crescimento para 2,5%. O PIB boliviano não cresceu em 2001 devido ao abrandamento global e à vagarosa atividade doméstica. Contudo o IDH da Bolívia apresentou um forte crescimento entre 2003 e 2007, quando aumentou 0,042 pontos, passando de 0,687 para 0,729.

1.4 – ORGANIZAÇÃO POLÍTICO-ADMINSTRATIVA

A constituição da Bolívia de 1967, revista em 1994, prevê um sistema equilibrado entre os poderes executivo, legislativo e judiciário. O tradicionalmente forte executivo, no entanto, tende a deixar na sombra o Congresso, cujo papel está em geral limitado a debater e aprovar legislação originária do executivo. O judiciário, composto pelo Supremo Tribunal e por tribunais departamentais e inferiores, é há muito corroído por corrupção e ineficiência. Através de revisões na constituição, feitas em 1994, e de leis subsequentes, o governo iniciou reformas potencialmente profundas, nos sistema e processos judiciários.
Os nove departamentos da Bolívia receberam maior autonomia pela lei de Descentralização Administrativa de 1995, embora os principais dirigentes departamentais continuem a ser nomeados pelo governo central. As cidades e vilas bolivianas são governadas pelos presidentes de câmara e por conselhos diretamente eleitos.
Em 5 de Dezembro de 2004, foram realizadas eleições dos membros dos conselhos municipais, com mandato de 5 anos. A Lei de Participação Popular, de Abril de 1994, que distribui uma porção significativa das receitas nacionais entre as autarquias, para seu uso discricionário, permitiu que comunidades anteriormente negligenciadas obtivessem grandes melhoramentos nas suas infra-estruturas e serviços. Apesar desse sistema, a Bolívia apresenta problemas de ordem socio-econômica muito intensos, agravados pela pobreza da maior parte do país.
A Bolivia é oficialmente um estado unitário democrático que é organizado segundo a separação de poderes (Executivo, Legislativo, Judiciário e Eleitoral) e de maneira descentralizada e presidencialista. O Estado se rege segundo a Constitução Política da Bolívia, aprovada em 7 de fevereiro do ano de 2009, que entrou em vigor neste mesmo ano.

a)- Poder Executivo
O poder executivo é encabeçado pelo presidente da república. Este cargo é exercido por Evo Morales Ayma. O executivo é, tradicionalmente, o poder mais forte na política boliviana, tendendo a deixar em segundo plano a participação do congresso, cuja atividade se limita a debater e a aprovar as iniciativas legislativas do presidente. O presidente da Bolívia, eleito a cada cinco anos, é chefe de estado e de governo e nomeia o gabinete de ministros.
Governo Departamental
Os governadores de cada departamento (chamados prefeitos) são eleitos democraticamente, porém com regras diferentes das eleições nacionais e municipais. A variação consiste em que o candidato mais votado, seja por maioria simples ou absoluta, será eleito automaticamente prefeito. Alguns acreditam que, apesar das mudanças operadas, o processo de descentralização boliviano é incompleto, já que a Assembleia Constituinte é quem deixará claro os poderes e limitações dos prefeitos eleitos pela primeira vez pelo voto direto.
Municipalizantes
Os municípios são governados por prefeitos e conselhos eleitos diretamente pelo voto do povo.
b)- Poder Legislativo
O Poder Legislativo constituído por duas câmaras, é presidido pelo vice-presidente do governo, atualmente Álvaro García Linera. Sendo estas a câmara de senadores e a deputados.
A Câmara de Senadores tem 27 membros, três representantes de cada departamento, dois deles do partido que recebe a maioria de votos e o terceiro do partido que ficou em segundo lugar. Os senadores são eleitos de listas partidárias para um período de cinco anos. A idade mínima para candidatar-se a tais cargos é de 35 anos.
A Câmara de Deputados tem 130 membros: 68 deputados são eleitos por votação direta para representar um distrito eleitoral e os outros 62 são eleitos por representação proporcional por meio de listas de cada partido em distrito único de todo o país. Os deputados também tem um mandato de cinco anos e devem ter no mínimo 25 anos completos no dia da eleição.
c)- Poder Judiciário
Os membros da Corte Suprema da Bolívia são eleitos para um mandato de dez anos pelo Congresso Nacional.
1.5 - POLÍTICA EXTERIOR
A história da política exterior boliviana é marcada por conflitos com países vizinhos, como o Chile, Peru e Paraguai. A Bolívia chegou a perder territórios para estes três países através de guerras, como a Guerra do Pacífico (século XIX) e a Guerra do Chaco. A Bolívia também perdeu territórios para o Brasil, que incluiu enfrentamentos militares sem que ocorresse uma guerra formal. Atualmente a Bolívia ainda mantém disputas fronteiriças e reivindicações territoriais com Chile e Peru. Estas reivindicações territoriais mantém algum grau de tensão política permanente com estes dois países vizinhos .
A política exterior atual reflete uma marcada tendência a metas tais como o desenvolvimento social, a luta contra a pobreza, a modernização institucional, a captação de cooperação externa e investimentos estrangeiros e o combate ao narcotráfico.
No campo da integração comercial, o país busca desempenhar um papel especial nos esforços para a conformação de um espaço integrado entre a Comunidade Andina e o Mercosul. Na área da integração energética, o país aspira converter-se no centro de distribuição e integração energética na América do Sul. Por último, na área da integração física, executam-se ações que se orientam ao desempenho de um papel significativo na união dos oceanos Pacífico e Atlântico, mediante a planificação dos corredores de exportação.
É país membro das Nações Unidas e de alguns de seus organismos especializados e programas afins, como a OEA, a Comunidade Andina de Nações, Intelsat, o Movimento de Países Não-Alinhados, a União Interparlamentar Internacional, a Associação Latino-Americana de Integração (ALADI), a Organização Mundial do Comércio, o Tratado Interamericano de Assistência Recíproca, o Grupo do Rio, o Pacto Amazônico, do Mercosul e da UNASUL.
Como resultado da Cúpula das Américas realizada em 1994, a Bolívia foi sede de uma conferência de cúpula hemisférica para o desenvolvimento sustentável, em dezembro de 1996.
A política exterior da Bolivia tem um forte viés político-diplomático regional e um importante componente econômico-comerical, já que teve uma participação mais ativa na Organização dos Estados Americanos (OEA), o Grupo do Rio, tem uma histórica relação com a CAN e vem se tornando mais importante sua relação com o Mercosul, havendo firmado com este um acordo de associação em 1996. A Bolívia promove suas políticas de desenvolvimento sustentável e em prol da habilitação do povo indígena.





1.6 - EDUCAÇÃO
A educação na Bolívia, assim como outros aspectos na vida dos bolivianos, tem uma divisão entre a área rural e a urbana. O analfabetismo rural se mantém alto, mesmo que o resto do país tenha aumentando o índice de alfabetização. Essa diferença é causada parcialmente pelo fato de que muitas crianças vivendo em áreas rurais são forçadas a contribuir economicamente para a renda familiar e, assim, torna-se muito mais improvável que frequentem a escola. Na média, as crianças da área rural frequentam a escola por 4,2 anos, enquanto as crianças da área urbana recebem educação por uma média de 9,4 anos. Uma diferença de gêneros também existe. O índice de alfabetização do país é de 86,7% é comparavelmente menor que os outros países da América do Sul.
Os problemas da educação da Bolívia não são necessariamente atribuídos à falta de fundos. O país reserva 23% do seu orçamento anual para gastos educacionais, um percentual maior do que a maioria dos outros países da América do Sul, apesar de ter um orçamento nacional menor.
Uma reforma na área fez algumas mudanças significativas. Iniciada em 1994, a reforma descentralizou os fundos para educação para se adequar às diversas necessidades locais, melhorar o treinamento de professores e o currículo, formalizar e expandir a educação bilíngue e modificar o sistema de séries escolares. A resistência da união de professores, entretanto, tem atrasado a implementação de algumas partes da reforma.
1.7 - TRANSPORTES E COMUNICAÇÕES
O território da Bolívia está comunicado por vários meios de transporte, sendo este o Aéreo, o Fluvial e o Terrestre.
O transporte Aéreo com mais de catorze aeroportos internacionais como o de Santa Cruz de la Sierra, chamado Aeroporto Internacional Viru Viru o mais importante do país, o Aeroporto Internacional de Cochabamba de Cochabamba e o Aeroport Internacional de El Alto de La Paz, além dos 1 072 aeroportos situados nas localidades mais importantes do país.
O sistema fluvial com mais de 14.000 km de rios navegáveis e uma série de portos marítimos situados nos diversos países com os quais tem convênios de navegação, como Peru e Chile no Oceano Pacífico, e Argentina, Brasil e Paraguai com a hidrovia Paraguai-Paraná com saída ao Oceano Atlântico.
O sistema terrestre com mais de 49.900 km de rodovias e ao redor de 4.600 km pavimentados, formado por várias rotas nacionais; o resto de rodovias é de cascalho ou terra, além de contar com um ramal da Rodovia Pan-americana que cruza todo o altiplano conectando-se, assim, com os países limítrofes. Conta ainda com um sistema ferroviário dividido em duas redes: a Rede Oriental com 1.222 km, que se conecta com Brasil e Argentina e a Rede Ocidental, com 2.318 km de longitude, que une ao país com Peru e Chile.
2 - HISTÓRIA DA BOLÍVIA

2.1 - DESCOBRIMENTO E CONQUISTA

O europeu Diego de Almagro foi o primeiro a chegar ao atual território da Bolívia em 1535, depois de partir de Cuzco com o fim de conquistar o Chile, mas com a morte de Almagro, Francisco Pizarro enviou seu irmão Gonzalo Pizarro para colonizar a província de Collao (Collasuyo). Pedro de Anzúriz fundou Chuquisaca (atual Sucre) em 1538, Potosí surgiu em 1546, La Paz em 1548 e Cochabamba em 1574.
A fundação espanhola se caracterizou por apresentar uma base mineiro-agrícola. A cidade de Potosí, a mais populosa da América em 1574 (120.000 habitantes), se converteu em um grande centro mineiro pela exploração das minas de prata do cervo Rico e, em 1611, era a maior produtora de prata do mundo.
O rei Carlos I havia dado a esta cidade o título de vila Imperial depois de sua fundação. Durante mais de duzentos anos, o território da atual Bolívia constituiu a Real Audiência de Characas, que é um dos centros mais prósperos e povoados dos vice-reinados espanhóis.
Potosí começou o seu declínio nas últimas décadas do século XVIII, ao levar a mineração da prata a um estado de estagnação, como consequência do esgotamento dos veios mais ricos, das antiquadas técnicas de extração e do desvio do comércio para outros países e em 1776, a Real Audiência de Charcas, que até então fazia parte do Vice-Reino do Peru, foi incorporado ao Vice-Reino do Rio da Prata.

2.2 - INDEPENDÊNCIA E REPÚBLICA

Foi a partir da independência que a Bolívia perdeu sua posição de potência econômica da América hispânica, ocupada por países do rio da Prata e pelo Chile, produtores de carne e de cereais. Além da sangria causada pela guerra, à Bolívia tinha necessidade de importar alimentos e, ao contrário de seus vizinhos, não dispunha de uma suficiente atividade comercial para financiar os gastos públicos, vendo-se forçada a recolher impostos de camponeses cada vez mais empobrecidos.
No terreno político, essa situação econômica se traduziu numa sucessão de governos militares, entre os quais se destacou o marechal Andrés Santa Cruz, partidário da união com o Peru, que tomou forma de confederação em 1836 e se dissolveu em 1839, depois de uma guerra com o Chile. A partir dessa época os esforços se concentraram na integração das diversas regiões bolivianas, o que não foi alcançado por falta de recursos materiais e humanos. O reduzido capital do país era investido na mineração, o que fazia com que os demais setores só pudessem contar com o capital estrangeiro.
Por volta de 1840 começaram a serem deslocados capitais anglo-chilenos para a exploração do guano da então província boliviana de Atacama, na costa do Pacífico. Na década de 1860, o investimento externo permitiu uma retomada da mineração, favorecida por novas tecnologias e pelas boas condições do comércio internacional da prata. Com a descoberta de nitratos na costa boliviana do Pacífico, a pressão chilena se intensificou. Por via diplomática, o Chile conseguiu concessões comerciais com o território boliviano, mas em 1879, quando o governo boliviano tentou aumentar os impostos cobrados às companhias chilenas dedicadas à exploração de nitratos em seu território, o Chile invadiu a Bolívia, iniciando-se a guerra, na qual em 1873 o Peru se aliou à Bolívia. A guerra do Pacífico terminou em 1880, com a vitória do Chile na batalha de Tacna. A Bolívia perdeu seus territórios da costa do Pacífico e as possibilidades de comunicação e comércio com o exterior que estes ofereciam.3
Entre 1880 e 1920, o país viveu o período de governos civis, iniciado com o do presidente Narciso Campero. De 1884 a 1899 o Partido Conservador se manteve no poder, até ser substituído pelo Liberal. O Conservador era ligado à elite de Chuquisaca, aos magnatas da prata. Ao tempo em que estiveram à frente do governo, os conservadores favoreceram a mineração, por meio do desenvolvimento de uma rede ferroviária internacional. Nessa mesma época entrou em declínio a mineração da prata e começou a surgir a do estanho, que só veio a adquirir importância econômica no final do século XIX. Por volta de 1900, o estanho representava mais da metade do valor das exportações bolivianas. Ao contrário do que ocorria com a mineração da prata, a do estanho era de propriedade internacional, absorvia grandes capitais e era muito produtiva.
O Partido Liberal, que governou de 1899 a 1920, tinha sua força máxima em La Paz, e seus dirigentes não faziam parte da oligarquia das minas. Sua ascensão coincidiu com o apogeu do estanho. A primeira tarefa enfrentada pelos governantes liberais foi a de buscar soluções para problemas de fronteira. Em 1903 assinou-se o Tratado de Petrópolis, pelo qual era entregue ao Brasil o território do Acre, onde ocorrera uma rebelião autonomista com apoio brasileiro, na época mais produtiva da exploração da borracha. No ano seguinte, o país assinou com o Chile um tratado de paz que estabelecia a aceitação da perda dos territórios costeiros. Com as indenizações decorrentes dos dois acordos, foi iniciada uma etapa de ampla expansão ferroviária.
Por volta de 1920, estradas de ferro uniam a maioria das principais cidades bolivianas. La Paz estava ligada aos portos chilenos de Antofagasta e Arica, e novas linhas foram estendidas tanto para o lago Titicaca e a fronteira peruana quanto para Tarija e os limites com a Argentina. A etapa do governo liberal foi a mais tranquila da história boliviana, dominada pela figura de Ismael Montes, que foi presidente em duas ocasiões. O êxito do Partido Liberal acarretou a divisão dos conservadores. O genuíno sistema bipartidarista não foi restabelecido senão em 1914, com a integração de políticos de diversas tendências no Partido Republicano.
Em 1920 os republicanos chegaram ao poder, mediante um golpe de estado incruento. No plano político ocorreu, no interior do partido governante, uma luta entre as facções de Juan Bautista Saavedra e Daniel Salamanca. A situação econômica passou por alterações. Depois da primeira guerra mundial, a indústria do estanho recuperou-se espetacularmente e em 1929 alcançou seu máximo volume de produção. Os preços, no entanto, passaram a cair com extrema rapidez e em 1930 ocorreu uma grave crise no setor. A época dos grandes investimentos tinha terminado.
Em 1931, um ano depois do período que ficou conhecido como a revolta de 1930, Daniel Salamanca ocupou a presidência da Bolívia fazendo diversas alterações relacionadas à situação econômica: a crise econômica causou redução das rendas nacionais e o fechamento das minas. Para que fosse tomada uma atitude em relação à sociedade e à oposição política, procurou-se desviar a atenção da opinião pública para a política exterior, iniciando-se assim um conflito acerca das fronteiras com o Paraguai, pela posse do Chaco Boreal. A guerra durou de 1932 a 1935 e causou grandes perdas humanas e territoriais. A derrota do Exército boliviano, tido como o mais bem preparado, provocou grande frustração nacional e uma profunda desconfiança em relação às hierarquias políticas e militares. A partir daí, surgiram novos partidos de caráter socialista e ligados ao movimento sindical.
Em 1936 foi instaurado o primeiro governo militar desde 1880, formado por veteranos da guerra do Chaco: eram representantes do socialismo militar. As tentativas de reforma social tomaram corpo no confisco das explorações de petróleo da empresa Standard Oil, na criação de leis trabalhistas e na promulgação, em 1938 de uma constituição progressista.
Na década de 1940, surgiram dois importantes partidos, o Movimento Nacionalista Revolucionário (MRV) e o Partido de Izquierda Revolucionária (PIR), o primeiro de orientação fascista e o segundo, marxista. Depois de várias revoltas violentas nesse período, o MRV chegou ao poder apoiado por camponeses e mineiros, quando já estava afastado de sua ala fascista e tinha incorporado aos seus quadros o líder mineiro Juan Lechín.


2.3 – BOLÍVIA: A PARTIR DO ANO DE 1950

Nas eleições presidenciais de maio de 1951, o líder exilado do Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR), Victor Paz Estenssoro, alcançou quase metade dos votos expressos. No entanto, na ausência de um vencedor claro, o Congresso deveria eleger o presidente entre os entre os três candidatos mais votados. Mas, com a finalidade de impedir a eleição de Paz Estenssoro, o presidente Mamberto Urriolagoita renunciou e entregou o governo a uma junta militar que nomeou como seu chefe, em abril de 1952, o general Hugo Ballivián. Mas o general foi derrubado pelo MNR.
Paz Estenssoro, nesse período, regressou do exílio para assumir a presidência. Sob sua orientação, o governo lançou um amplo programa de reformas econômicas, decretou a nacionalização das minas e o monopólio da exportação do estanho. No decurso de 1954, foi realizada uma reforma agrária (parcelamento para dividir entre os indígenas), incentivou a prospecção de poços petrolíferos por empresas estrangeiras, instituiu o voto universal e realizou uma reforma educacional.
No final da década de 1950 e início da década de 1960, a economia boliviana sofreu com a queda dos preços do estanho no mercado mundial e com altos índices de inflação. As minas de estanho não eram rentáveis e os esforços do governo para reduzir o número de trabalhadores empregados e restringir os salários encontraram forte resistência dos sindicatos. A constituição boliviana, que não contemplava a reeleição, impediu que Paz Estenssoro se candidatasse novamente nas eleições de 1956, mas seu vice-presidente Hernán Siles Zuazo, filho de Hernando Siles, as venceu como candidato do MNR.
No poder, Siles continuou com a política iniciada pelo governo de Paz Estenssoro, que voltou a ser eleito em 1960. Paz solicitou a redação de uma nova Constituição, que permitia a reeleição. Em 1964 foi reeleito, nomeando como vice-presidente o general René Barrientos, chefe da Força Aérea e candidato de direita. Muitos dos antigos colaboradores de Paz o abandonaram, denunciando que o MNR havia esquecido sua política revolucionária. O governo de Paz Estenssoro foi derrubado um mês depois de sua reeleição em consequência do levante protagonizado pelos mineiros e estudantes. Tomou o poder uma junta militar encabeçada por René Barrientos.
Em julho de 1966, René Barrientos foi eleito presidente, já como civil, mas se viu forçado a depender dos militares para lidar com os movimentos guerrilheiros que haviam começado a atuar nas regiões montanhosas nesse período.
Em outubro de 1967, o exército boliviano anunciou ter derrotado os rebeldes num local próximo à aldeia de Vallegrande. Havia sido capturado no campo de batalha Ernesto Che Guevara, sendo pouco depois executado. Barrientos morreu em um estranho acidente de helicóptero em abril de 1969. Sucederam-se no poder uma série de governos de curta duração, a maioria militares, e em agosto de 1971 o governo do general Juan José Torres foi derrubado por um golpe de Estado encabeçado pelo coronel Hugo Banzer.
O regime de Banzer passou rapidamente de uma posição relativamente moderada a uma de maior repressão: aboliu o movimento trabalhista, suspendeu todos os direitos civis e enviou tropas aos centros de mineração. Em 1978, Banzer renunciou e uma junta militar tomou o poder.
No início da década de 1980, o forte crescimento econômico da década anterior - que havia sido sustentado pelos altos preços do estanho no mercado mundial - levou o país à crise. A queda do preço do mineral e a má administração dos regimes militares haviam deixado a Bolívia com uma imensa dívida, uma situação hiper-inflacionária e um declínio nas receitas de exportação. A produção e tráfico ilegal da cocaína foi a principal fonte de divisas até que os Estados Unidos pressionaram o governo da Bolívia para que tomasse medidas eficazes contra o tráfico desta droga.
Em 1980, o general Luis Garcia Meza e seu Vice, Arce Gómez, com apoio ativo da ditadura militar Argentina e a ação de um comando terrorista denominado “Novios de La Muerte”, organizados pelo criminoso nazista Klaus Barbie, deram um golpe de Estado para evitar a eleição de Hermán Siles Suazo como presidente democrático.
Hermán Siles Suazo chegou ao governo em 10 de outubro de 1982 apoiado na Unidade Democrática e Popular (UDP), aliança que se havia formado no fim da década de 1970 entre seu Movimento de Esquerda Revolucionária (MIR), o Movimento Nacionalista Revolucionário (MNR) e o Partido Comunista da Bolívia (PCB). Seu governo durou até 1985. Foi seguido pelo governo de Victor Paz Estenssoro (1985-1989) do MNR.
Em 1989, assumiu Jaime Paz Zamora, do MIR, com o apoio da Ação Democrática Nacionalista (ADN). Gonzalo Sánchez de Lozada, do MNR, assumiu de 1993-1997 e posteriormente Hugo Banzer Suátez (1997-2001), recebendo o apoio do ex-presidente Jaime Paz Zamora, que desta maneira devolvia o favor por respaldar com seus deputados da ADN a governabilidade do país durante seu mandato. Banzer morreu antes de terminar seu mandato, sendo substituído por seu vice-presidente Jorge Quiroga Ramírez (2001-2002).
Entre 2002-2003, Gonzalo Sánchez de Lozada iniciou o segundo mandato, interrompido por uma revolta popular, e foi sucedido por seu vice-presidente Carlos Mesa (2003-2005). Este também foi derrubado por motins, assumindo Eduardo Rodríguez Veltzé (2005-2006), como interino. Na eleição presidencial realizada em 18 de dezembro de 2005, Juan Evo Morales Ayma (do partido Movimento ao Socialismo, com o acrônimo em espanhol MAS, significa “mais”) foi eleito com 53,7% dos votos, com mandato até 2010.


3- EVO MORALES: ATUAL PRESIDENTE DA BOLÍVIA

O atual presidente da Bolívia, Juan Evo Morales Ayma, mais conhecido como Evo Morales, tem 52 anos e é o sexagésimo quinto presidente. Seu mandato se iniciou no dia 22 de janeiro de 2006, tendo sido reeleito em 2010 para mais um quadriênio. Tem como vice Álvaro García Linera, que faz parte do partido MAS na Bolívia .
Sua história começou no dia 26 de outubro de 1959, quando nasceu Evo Morales no pequeno povoado mineiro de Orinoco, em Oruro na Bolívia. Ele é de origem uru-aimará e tem como língua materna o aimará, que é um dialeto originário da Bolívia. Apesar de ter vindo de uma família de origem pobre e ter vivido em condições de miséria (perdeu quatro dos seus sete irmãos antes mesmo de completarem dois anos de idade por viverem em péssimas condições), mesmo assim Evo nunca desistiu de seus objetivos e sempre estudou. Queria ter sido jornalista, já que achava que estes sempre estavam bem informados com relação aos problemas estruturais do país e também porque se encantara desde a infância com as locuções radiofônicas, única fonte de notícias a atingir o povoado em que vivia.
Em 1960, Evo e a sua família mudaram-se para o povoado de Chapare em razão do término das atividades nas minas em Oruro. Em 1976, já com 17 anos de idade, Evo cumpria o serviço militar e havia concluído sua educação secundária; ele sempre foi muito esforçado e chegou a trabalhar como um pastor de lhamas, além de ter sido pedreiro e músico.
Em 1981, em Chapare, Evo foi nomeado secretário de esportes do sindicato de cocaleiros de San Francisco; foi a partir desse período que Evo iniciou a sua carreira fazendo parte do movimento sindical. No ano de 1990, Evo assumiu a presidência da “Federación Del trópico de Cochabamba”, uma associação de camponeses plantadores de coca.
Em 1997, Evo foi eleito membro do Congresso como líder dos cocaleiros, representando as províncias de Chapare, Carrasco e Cochabamba, com 70% dos votos. Em janeiro de 2002 ele foi afastado do Congresso, sendo acusado de terrorismo por ocasião de um incidente em Sacaba onde morreram quatro cocaleiros, três militares e um policial. Acredita-se que os Estado Unidos teriam influenciado para que Evo fosse destituído do Congresso.

3.1 - EVO MORALES EM SUA TRAJETÓRIA POLÍTICA

Mesmo acusado de haver se envolvido com terrorismo, nas eleições de 2002 o partido MAS fez campanha para a candidatura de Evo à presidência da Bolívia, conseguindo, mesmo diante das acusações, o segundo lugar, o que deixou Evo muito motivado.
Nas eleições presidenciais em dezembro de 2005, Evo conseguiu vencer com 53,74% dos votos contra o adversário conservador Jorge Quiroga, que ficou com 28,59%. Era a primeira vez na história desse país que um indígena subia ao poder pelo voto popular. Mesmo depois de ter passado por tantos obstáculos para conseguir sobreviver, ele conseguira chegar ao poder utilizando-se de uma plataforma renovadora e revolucionária.
O pior inimigo da humanidade é o capitalismo. Isso é o que provoca levantes como o nosso, uma rebelião contra o sistema, contra o modelo neoliberal, que é a representação de um capitalismo selvagem. Se o mundo inteiro não tomar conhecimento dessa realidade, que os estados nacionais não estão provendo nem mesmo o mínimo para a saúde, educação e o desenvolvimento, então a cada dia direitos humanos fundamentais estão sendo violados.

Evo fez questão que a sua posse tivesse um forte simbolismo representado na valorização de sua origem étnica. No dia 22 de janeiro de 2006, acontecia em La Paz a cerimônia de posse na qual recebeu vários Chefes de Estado. Já empossado na presidência, Evo Morales foi recepcionado na praça San Francisco por aproximadamente 100 mil pessoas e jornalistas de todos os lugares do mundo. Para Evo, foi o início do fim de 500 anos de colonialismo.
No momento em que iniciou sua gestão, diminuiu o seu subsídio em 57%, reduzindo-o para US$1.875 por mês. Em maio de 2006, Evo decretou novas políticas para seu país: uma delas foi a mudança introduzida pela Lei n° 3058, que é conhecida como a Lei dos Hidrocarbonetos, que modificou a distribuição dos royalties do petróleo e do gás no país. Pela nova regulamentação, a renda, que antes ficava com os departamentos, passava agora à disposição do governo federal, o que gerou conflitos entre o governo e as províncias ricas, sendo uma delas Santa Cruz, e fazendo com que se cogitasse até em golpe de estado.
Em dezembro de 2007, a Bolívia passava por uma situação tensa relacionada ao processo constituinte. Evo resolveu fazer um referendo revogatório, no qual todos os governadores, inclusive o próprio presidente da república, se submeteriam a uma nova votação em relação ao cargo que ocupavam. As votações, entretanto, só aconteceram em 10 de agosto de 2008, quando o povo boliviano votou acerca da permanência em seus cargos do presidente, seu vice e dos oito governadores. O resultado saiu no dia 16 de agosto de 2008, com a vitoria impressionante de Evo com 67,41% dos votos do povo boliviano aprovando a sua gestão, ao passo que só quatro dos governadores conseguiram se manter em seus cargos.
Em setembro de 2008, o presidente Evo Morales enfrentou nova crise estimulada pelos setores conservadores do país: houve diversos protestos exigindo maior autonomia para os departamentos do leste do país, que estavam em estado de sítio. Os manifestantes destruíram diversas instalações importantes, principalmente nos lugares onde se localizavam prospecções de gás natural e prédios do governo: a violência foi tão grande que resultou na morte de trinta pessoas.
Mesmo com Evo Morales no poder, a Bolívia ainda não conseguiu erradicar certos problemas cruciais de sua sociedade, como a injusta distribuição de renda, geradora de grande miséria e a precariedade na infraestrutura produtiva do país.

4 - ASPECTOS SOCIAIS, CULTURAIS, POLÍTICOS E ECONÔMICOS NA BOLÍVIA

4.1 - POBREZA NA BOLÍVIA
Apesar do desenvolvimento econômico ocorrido desde 1940, a pobreza na Bolívia continua sendo um mal para a maior parte da população. A escassez de médicos e de serviços sanitários, a desnutrição, a mortalidade infantil e a incidência de doenças tropicais são os principais problemas do país no que diz respeito ao nível de vida. A Bolívia é uma das nações mais pobres da América do Sul, com alta taxa de analfabetismo e o menor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) da região.
De acordo com a ONU, a Bolívia está entre os 21 países de mais baixa renda. Para combater a pobreza, sempre priorizaram o crescimento e a criação de empregos, mas raramente essas estratégias beneficiaram os mais pobres na Bolívia. “Todos os Documentos de Estratégia de Redução da Pobreza enfatizam o crescimento econômico como o principal meio de alcançar o objetivo geral de reduzir a pobreza, mas nem todos especificam políticas de crescimento que favoreçam os pobres”, afirma a autora de um estudo sobre o caso boliviano, Sakiki Kukuda-Parr, que trata em sua pesquisa de aspectos que influenciam a pobreza na sociedade boliviana .
4.2 - A ESCRAVIDÃO DOS INDÍGENAS
Na Bolívia, são mais de 900 famílias e cerca de 5.500 índios guaranis explorados e sem salário, submetidos aos maus tratos típicos de escravos, porque, simplesmente, se forem libertados não terão para onde ir. O governo também informou que uma comissão de organismos governamentais e da Assembléia do Povo Guarani trabalha na busca de terrenos para organizar uma nova comunidade para esses indígenas escravizados por fazendeiros das regiões de Santa Cruz e Sucre. O mais intrigante dessa situação é que as terras onde os índios vivem escravizados eram patrimônio dos próprios guaranis e no século passado foram ocupadas por latifundiários.
O governo da Bolívia pensa em repetir esta ação. Segundo a imprensa local, o governo tem um plano especial para resolver o caso. São duas alternativas: a primeira depende da conclusão do processo de saneamento da terra na zona do Chaco e a segunda é negociar recursos de organismos internacionais para comprar prédios particulares. Mas ainda não existe nenhuma data concreta para o início dessas ações. O fato é que a situação persiste ainda hoje.

4.3 - A COCA NA BOLÍVIA

A Coca é mais um problema encontrado na Bolívia, já que esta expõe o conflito entre culturas locais e o narcotráfico. A ONU aponta que houve um aumento na plantação de coca no país no governo de Evo Morales.
O crescimento das plantações de coca na Bolívia, apontado por um relatório da Organização das Nações Unidas divulgado recentemente, expôs ainda mais um dilema vivido no país presidido por Evo Morales: o consumo diário da folha de coca, enraizado na cultura da população de maioria indígena, se confunde com o utilizado pelo tráfico internacional de drogas. No Relatório Mundial sobre Drogas de 2010, lançado pelo Escritório das Nações Unidas sobre Drogas e Crime (UNOCR, na sigla em inglês), confirma o crescimento da área plantada desde o começo do século 21. De 2001 para 2009, a área plantada de coca aumentou 44%, atingindo aproximadamente 30,9 mil hectares de acordo com o relatório. Trata-se de uma porção muito maior do que a permitida pela própria lei boliviana, que é de 12 mil hectares .
Existe uma lei, de 1988, que determina cotas para plantações legais de coca, e que foi baseada em um estudo já defasado feito pelo órgão americano DEA , definindo que 10% da produção na Bolívia era destinada para o consumo tradicional. Assim, os produtores da folha têm um argumento legítimo fundamentado em dados desatualizados para sustentar a produção, mesmo sabendo que boa parte dela vai para o circuito do narcotráfico.
Esse uso histórico e cultural é feito de duas maneiras: pela mastigação ou o consumo da folha com água quente - o famoso mate de coca -, além do que tradicionalmente se consome em rituais indígenas. O consumo da folha de coca, ademais, serve para aliviar a sensação de fome, decorrente da situação de miséria em que sempre se encontrou a maior parte da população.
As estimativas sobre a lucratividade do tráfico de drogas revelam que as plantações de coca correspondem a 2% do PIB (Produto Interno Bruto) da Bolívia (R$ 22,1 bilhões), e 19% do PIB do setor agrícola (R$ 3,2 bilhões), segundo o relatório da UNOCR.
Para Evo Morales, a Bolívia bateu recordes em relação ao combate ilegal da coca. Segundo Morales, as plantações erradicadas equivalem a mais de 8 mil hectares de terra, nas áreas de El Chapare, Cochabamba e Yungas de La Paz, mas a meta, de acordo com Evo, é de chegar a 10 mil hectares até o final de dezembro de 2011. Evo disse que no seu governo o combate ao narcotráfico está entre as prioridades. Segundo ele, não se deve confundir o plantio ilegal de coca com a tradição de mascar a folha da planta, o que ocorre entre os indígenas bolivianos. Morales defendeu o incentivo ao plantio legal de coca no país como meio de evitar o crescimento das culturas ilícitas. Na Bolívia, os povos indígenas, por questões culturais, têm o hábito de mastigar a folha da coca. Segundo eles, é uma maneira de manter o equilíbrio do organismo e sentir menos os efeitos da altitude. Morales disse ainda que, pelas leis bolivianas, a erva deve ser plantado em um espaço máximo de 1,6 mil metros quadrados e que os que contrariam a lei são punidos. No começo deste ano, houve várias manifestações em todo país, lideradas por organizações de defesa do plantio legal de coca, para a legalização do cultivo da erva. Morales disse que vai manter os esforços para evitar a criminalização internacional da coca.
Em 2011, os governos do Brasil e da Bolívia fizeram um acordo para desenvolver operações militares conjuntas em suas fronteiras, especialmente com o auxílio das forças aéreas, para combater o contrabando e o tráfico de armas e drogas. O ministro da Defesa, Celso Amorim, e seu colega boliviano, Ruben Saavedra, assinaram um acordo em La Paz, o "memorando de entendimento" para a cooperação militar, depois que as autoridades locais confirmaram o aumento do tráfico de drogas na região.


4.4 - PROSTITUIÇÃO NA BOLÍVIA
A prostituição na Bolívia é um dos aspectos mais presentes dentro da sociedade. O índice de pobreza é tão grande e tem aumentado em uma proporção inesperada, e com isso são muitas as famílias que vendem suas filhas para conseguir sobreviver e se forem virgens o valor pago por essas meninas ainda é um pouco melhor.
São muitos os casos de prostituição por necessidade de sobreviver, pois muitas meninas moram nas ruas e na maioria dos casos se vendem por comida. São muitas também as relações de abuso identificadas através de estupro e escravidão sexual.
A cidade de Cobija, capital de Pando - Bolívia, a 220 quilômetros de Rio Branco, é conhecida pelos produtos importados da Ásia que são colocados no mercado através da Zona Franca (ZOFRA). São poucas as pessoas que sabem que para lá também vão centenas de mulheres para trabalhar em casas noturnas ou casas de prostituição para ganhar, em valores equivalentes ao real, entre 50 e 100 reais por programa. Mas o grande problema está no caso das menores de idade que se prostituem pela falta de oportunidade e por viverem numa condição de miséria.
Outro problema ligado à prostituição é o tráfico de mulheres na Bolívia. Uma parte das meninas que chega a Cobija é aliciada por agenciadores para trabalhar em casas noturnas de La Paz e até mesmo de Lima. Por cada menina apresentada, eles chegam a ganhar em torno de 150 dólares, um negócio que não deixa de ser rentável. De acordo com dados do governo, cerca de 85% das mulheres que trabalham nas casas de prostituição de Cobija são brasileiras – acreanas -, 13% são bolivianas e os outros dois por cento são peruanas. Nas casas noturnas, os agentes de saúde chegam a distribuir camisinhas, mas a medida não é suficiente para evitar doenças sexualmente transmissíveis.
Na Bolívia, a internet também é um dos meios utilizados para difundir e lucrar com a prostituição: é comum, em sítios locais, serem mostrados vídeos de crianças bolivianas tendo relações sexuais com adultos, assim como prostíbulos fazerem ofertas a meninas virgens por 25 dólares.





REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS:

Almanaque Abril - A Enciclopédia da Atualidade – Mundo 2003 – Retrospectiva completa de 2002. São Paulo, Editora Abril, 2004.

Barsa Enciclopédia. Nova Enciclopédia Barsa. Rio de Janeiro/São Paulo, Encyclopedia Britannica do Brasil Publicações LTDA, 1999.

Grande Enciclopédia. Larousse Cultural. São Paulo, Nova Cultural, 1998.

http://pt.wikipedia.org/wiki/Bol%C3%ADvia

http://www.portalbrasil.net/americas_bolivia.html

http://www.consulados.com.br/bolivia/

http://pt.wikipedia.org/wiki/Evo_Morales

http://pt.wikipedia.org/wiki/Governo_Evo_Morales

http://www.historianet.com.br/conteudo/default.aspx?codigo=798

http://pt.wikipedia.org/wiki/Educa%C3%A7%C3%A3o_na_Bol%C3%ADvia

http://www.indexmundi.com/pt/bolivia/populacao_abaixo_do_nivel_de_pobreza.html

http://portalamazonia.globo.com/newstructure/view/scripts/noticias/noticia.php?id=31777

http://blogdanielaalves.wordpress.com/2008/04/04/escravidao-na-america-trafico-na-bolivia-paraguai-e-argentina/

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